Se eu disser que te amo
Fragmentos de uma história
2
Pensei em fazer um café e ficar na varanda, ler um livro. Mas deu vontade de caminhar.
A chuva então começou.
Decidi fazer o café, olhar para a cerca na entrada do quintal e pensar em você chegando, abrindo o portão, um sorriso bonito e aquela voz, que é um carinho para os ouvidos, dizendo meu nome. Eu pronunciei o seu e nos abraçamos de tal modo que não sabíamos mais quem disse o nome de quem. (Um dia, seremos um.)
A chuva então parou.
— Vamos ver o mar? — você sussurrou no meu ouvido.
— Arrepiei! Fala mais?
Olhando no fundo dos meus olhos — o castanho dos seus se misturou ao verde dos meus — , sem pronunciar palavra, você me fez, muito além de arrepiar, aquietar.
De mãos dadas, andamos até a praia envolvidos pelo som do vento, encantados com o canto dos pássaros, impulsionados por um Amor que começávamos a desvelar.
Descemos a duna deslizando, como duas crianças aproveitando a tarde de sábado para brincar, depois de horas detidas em casa por uma ordem que apenas respeitaram, mas não compreenderam.
Ríamos.
Não! Gargalhávamos.
Saí correndo — eu já conhecia aquela trilha — e você veio atrás. Quando alcancei a praia, detive-me. Ainda que vá diariamente reverenciá-lo, ele jamais deixa de me encantar com sua imensidão. Segundos depois você parou ao meu lado. Senti sua vibração.
Andamos poucos passos sem a presença dela. Mas de repente, suave, ela começou a nos tocar a face e a esfriar a pele. Acho que era apenas uma estratégia para nos fazer ficar ainda mais próximos!
Demoramos o tempo de um abraço para entender o que queríamos naquele momento.
Amar. Amar indefinidamente. E tomar um café quente.
Fragmento 2
Imbituba, 17 de abril de 2021.