Registro XXVII ~ Ode à ária

Sem fronteiras《registros aleatórios de uma jornada não planejada》

Bhuvi Libanio
2 min readMar 28, 2024

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Inspirei profundamente o ar de Bach nessa manhã. Ária na corda sol.

Segundo movimento da suíte orquestral número 3 em Ré maior. Parece-me uma ode à vida.

A primeira vez que soube desta palavra, "ode", nada eu sabia. Continuo sem saber muita coisa.

Quisera eu, como Ricardo Reis, compor um desses poemas. Diria que só mesmo "nós somos [...] iguais a nós próprios".

Quisera eu, como o poeta, compor versos para falar de deuses. Eles são o que são “porque não se pensam".

A segunda vez que li a palavra ode, eu sabia o significado, mas não o compreendia. Depois de tantas vezes, nunca escrevi uma.

Hoje, o aroma de Bach me invadiu quando respirei de manhã. Lembrei-me do cheiro de dentro do piano.

Quero abdicar o que me congela. O Mestre diz para me tornar mestre de mim mesma.

Quero me curar do dia, diariamente. Porque amanhã sempre haverá uma nova fragrância.

Talvez acorde totalmente envolvida no espesso aroma da maresia. No cheiro da vida no mar.

Quisera eu acordar ode, um Bach em Pessoa. Finalmente eu cantaria: da terra, o ar; do mar, a vida; do amor, você.


Bhuvi ~
Imbituba, 27 de março de 2024.

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