
Registro XVIII — O oceano parecia conversar comigo
Sem fronteiras《registros aleatórios de uma jornada não planejada》
Faltavam quatro horas para o sol nascer. Meus olhos se abriram, nada viram. Aguçados, estavam os ouvidos, que me levaram no vaivém das ondas.
O oceano parecia conversar comigo.
A princípio, esforcei-me para compreendê-lo, como se cada bater de onda fosse palavra. Mas esta é uma ferramenta do ser humano, a da natureza é sentimento. A maresia então inundou minhas narinas, e minha língua, salgada, tentou pronunciar algo. Era cedo — na aurora somos apenas natureza.
Soltei-me.
Os braços para cima, as pernas em outro sentido estendiam-se: estas buscam raiz, aqueles, o ar. No equilíbrio, o centro flutuou naquelas águas de uma profundidade que instrumento nenhum — nem o do ser humano nem o da natureza — é capaz de medir.
Ele silenciou.
Eu, embriagada, hei de sorver, gota a gota, esse Amor. E as águas apagarão toda mácula das fronteiras entalhadas entre isto e aquilo, eu e o outro.
Essa noite, sonhei com você.
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