Registro IV — Psicologia do voo

Bhuvi Libanio
1 min readJun 22, 2022

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Sem fronteiras《registros aleatórios de uma jornada não planejada》

Desconheço o motivo pelo qual em vários testes psicológicos perguntaram-me qual animal eu gostaria de ser. Lembro que se não sempre, na maioria das vezes, respondi “pássaro”. Mas durante muitos anos, tive pânico de pássaros. Eu queria ser aquilo do qual tinha pânico. Queria voar. Queria saber essa arte. Queria eu mesma quebrar o cadeado e abrir a gaiola. Mas durante muito tempo, tive pânico de altura. Queria subir na mais alta montanha, olhar no mais profundo abismo e encará-lo de volta. Mas durante muito tempo, tive medo do nada.

Recentemente, acolhi um pássaro na mão. Ofegante, estava morrendo. O pequeno bico aberto revelava uma língua cuja existência jamais reconhecera. Já não batia as asas. Deu seu último suspiro quando eu disse, “voa, voa o mais alto que já voou.” E ele se foi. O corpo leve como o nada — a minúscula língua então caída para fora — enterrei aos pés da espatódea. Deixou em minhas mãos um sopro. Desse sopro fiz vento.

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Written by Bhuvi Libanio

Registros aleatórios de uma jornada não planejada.

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