O (re)nascimento do Amor

Bhuvi Libanio
2 min readDec 18, 2022

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O melhor presente é agora, é diariamente e a cada momento relembrar o caminho que nos leva ao Amor.

Há controvérsia quanto à etimologia da palavra "religião". Por unanimidade, origina do latim. Mas algumas pessoas dizem ser do verbo "relegere" (reler) enquanto outras, do verbo "religare" (religar). Supero esse obstáculo intelectual e sigo com a percepção de que é, de toda forma, um retorno.

Para mim, religião é: retornar ao Amor; relembrar, reler a Verdade. É verbo. Ação. O princípio de tudo.

Dito isso, saio do armário: não sou cristã. Estudo escrituras e minha abordagem à teologia é como um "estudo dos deuses", uma reflexão ampla — como já sugeria Platão, um estudo crítico dos mitos. Acredito na existência de Jesus, Mestre, um homem iluminado que percorreu o caminho e retornou ao Amor e queria

nos mostrar a gratuidade do amor [...]. Veio incluir os excluídos, abençoar os amaldiçoados, dar vida onde havia sinal de morte, desmistificar o direito de propriedade e valorizar a socialização dos bens gerados pela natureza e produzidos pelo trabalho humano. Veio nos propor um novo projeto de sociedade, o qual denominava Reino de Deus (em oposição ao reino de César), baseado em dois pilares: nas relações pessoais, o amor; nas relações sociais, a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano. (Frei Betto, Jesus Militante: Evangelho e projeto político do Reino de Deus. Petrópolis: Editora Vozes, 2022)

Jesus enxergava o que muitos até hoje não conseguiram ver: a natureza humana é o Amor, é divina, daí a aproximação do ser humano a Deus — "humano assim como ele foi, só poderia ser Deus mesmo", disse Leonardo Boff.

E como disse meu Mestre, Vasant Swaha, no dia em que me deu o nome Bhuvi (em sânscrito, paraíso), não é preciso esperar a vida após a morte para viver o paraíso, ele é aqui e agora. No dizer zen "esta Terra mesmo é o paraíso do lótus". O Reino de Deus é aqui. É o coração. É hoje. Agora.

Minha prática religiosa é, portanto, constantemente retornar ao Amor, nossa natureza, e reconhecer Deus em todos os seres. Natal é, para mim, o (re)nascimento do Amor em tudo o que fazemos, em cada momento, quando estamos sós ou acompanhados, quando falamos ou estamos calados. O nascimento é sempre, de um jesus, um buda, um mestre dentro de nós.

(Imbituba, dezembro de 2022.)

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Written by Bhuvi Libanio

Registros aleatórios de uma jornada não planejada.

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