Meu conhaque é Você
Vi a lua
que Drummond viu, em 1930.
Contemplei
como Rumi, no século XIII.
Quem mais olhou para ela
como eu?
Emily Dickinson, Audre Lorde, Sylvia Plath.
E Você?
Não posso dizer que sou fã de poetas,
idolatria tem data de expiração.
O Amor mesmo não tem fase
nem faz-se.
Meu conhaque é outro,
tem nome composto.
Embebo,
a essência.
Crescente,
no silêncio da espera.
Pleno,
é nossa revolução.
Acontece.
O rosto dourado
sussurra flores n’alma,
luz no escuro infinito.
Desperta.
A vermelhidão
rompe a linha do horizonte,
no mergulho, torna-se Mar.
Preenche.
Existência em minha boca,
reverbera luz,
sabor que ainda nem sei.
Ora.
Em cantados sentimentos ,
você está aqui,
e do outro lado.
Como o quê
deixa-me comovida, essa lua.
Como quem
suaviza-me a vida, esse Amor.
Sou incurável,
mas tenho certeza:
Ele é
minha salvação.
Não sou fã nem poeta,
sou um ninguém
devoto,
em explosão.